naqueles dias em que parece que o
mundo nos cai em cima, ou melhor, quando o mundo nos cai em cima, sentes que
esse peso pode, a qualquer momento, explodir dentro de ti, impedindo-te de
pensar, de pensar em qualquer outra coisa. que te vai consumir até ao último
milímetro, que te vai sugar até à última lágrima. sentes no mais fundo de ti,
que vais cair, irremediavelmente. que seja como for, vais ter que ir ao fundo
para recomeçar (outra vez). estás vulnerável, não há nada que ninguém possa
fazer, ou dizer. não há nada.
parece que não há nada que
ninguém possa sequer pensar fazer. até respirares de novo, até deixares que
novo ar te entre pelos pulmões e faça o teu coração bater mais uma e outra vez.
e de repente, levantas a cabeça, tiras as mãos da frente do rosto e percebes
que todas as lágrimas de que estavas à espera, que já deviam ter começado a
cair há muito, não caíram. não caíram.
e abre-se um sorriso, não sabes
muito bem de quê, mas compreendes que toda a angústia que era suposto estares a
sentir naquele exacto momento, na verdade, nem é assim tão esmagadora. até parece
irreal, não estar em queda, numa espiral gigante a sugar-te para o fundo, mas
depois, é como olhar para a frente quase como se o dia tivesse sido fantástico,
com a sensação estranha de que o facto de o mundo se ter desmoronado por uns
instantes, nem foi assim tão mau.
CateAndrade
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